terça-feira, 19 de maio de 2009

As imagens da Rede+

Um universo de imagens juntamente com um mar de palavras formam uma Rede de nós com uma linguagem multicultural sem esquecer a memória do nosso património...

O nosso campo de intervenção

A equipa do projecto Rede+


O lançar das Redes no espaço urbano




















Fotos: Regina Meireles Guimarães

Alma de artista em corpo banal


Nasce o homem?
Ou nasce primeiro o dom?

Um artista é só um ser
Por trás desse corpo que vai escondendo
A cada passo que dá
E a cada palavra que escreve ou solta no ar…

Um poema, uma pintura, um vestido
Um simples gesto
De querer mudar o mundo
E a humanidade que nele habita.

Descrevem-se histórias vividas e passadas em tempos
Mas ninguém se questiona a colocar na pele do artista.
Tantas vezes incompreendido e criticado
Pela sociedade que vivemos.

Talvez um verdadeiro Artista
Queira apenas expressar aquilo que todos nós gostaríamos
De ter Dom para fazer.

Mas um Dom não se aprende.
Nasce dentro do ser,
Vai crescendo na alma
Até um dia morrer…
Mas o Artista
Nunca o vamos esquecer…

Desenho de Paula Parracho
Ana Carina Santos

sexta-feira, 15 de maio de 2009

REDE+ no JN

A Rede+ está a ser divulgada em vários meios de comunicação.
Depois da presença no programa "Porto Alive!" do Porto Canal, foi hoje a vez do JN dar relevo a esta iniciativa. A Rede+ não pára!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pescador de imagens


Para pescar imagens são precisas redes muito finas.

As imagens, especialmente as mais belas, são fugidias e difíceis de pescar, escapulindo à mínima hesitação.
Redes finas, cor do mar; não sei porquê mas a água parece exercer uma espécie de fascínio mágico sobre as imagens mais belas.
As imagens são como as sereias: misteriosas e difíceis de encontrar. Mas quando as encontramos não podemos deixar de as amar. Por vezes ouve-se, ao longe, o seu canto inebriante, mas não sabemos de onde vem, como se viesse de dentro de nós. Perdemo-las e sentimo-nos perdidos.
Às vezes sou afortunado. Um cardume de imagens passa perto de mim. Nas redes finas, cor de mar, debatem-se e tentam escapar. Vou disparando, aprisionando-as. Encerro-as em pequenas caixinhas de prata. As imagens não morrem. Eu não sabia, mas não se pode matar uma imagem.
Uma, talvez a mais bela, chorou uma lágrima de mar que me fez tremer o coração. Aproveitou para escapulir. Nunca mais a vi…
As imagens são matreiras, facilmente começam todas a chorar lágrimas de cristal. De nada vale tentar fechar o coração. Não se pode pescar imagens com o coração fechado, pois temos de as aprisionar dentro do nosso peito.
Boas redes e coração firme são o que precisa um bom pescador de imagens.

Renato Roque

terça-feira, 12 de maio de 2009

Loa ao Porto


Que impulso de dizer-te pátria, Porto:
O corpo amuralhado de granito,
cabelo d'água, à névoa, ao vento, exposto,
face esculpida em grito.

Braços de ferro, arqueados, desmedidos,
sobre o fluir dos barcos e do barro.
E um rumor antigo
na voz das tuas ruas e mercados.

Vestes de escuro e enfeitas-te de luzes
antes do Sol perder seu oiro pálido.
E das torres com sinos e com cruzes
acenas ao mar largo.

Bulícios de cafés (há mais de mil)
Entornam-te nas veias graça e fogo.
E o lírico torpor dos teus jardins
suspiros e repouso.

Que impulso de dizer-te pátria, Porto:
Coração não de Pedro, mas de pedra
com sangue fértil, vinho generoso
a gerar alma e terra.


António Manuel Couto Viana


Selecção de poemas de Dina Ferreira, Livraria Poetria
Foto Regina Meireles Guimarães

Olá Porto


Olá Ribeira
Rio Douro
Bom dia
Cidade velha
Tripeirinha
Meu grande amor
Olá cultura
Monumentos
Bom dia
Cidade nova
Donairosa
Jardins em flor

Porto das mil relíquias
E dos encantos mil
Berço d’um povo eleito
Anfitrião gentil

Porto cidade invicta
Mui nobre e sempre leal
Porto cidade eterna
Património mundial.

Gaspar Castelo Branco

Rua de Belmonte, Porto

O lançar das redes II

A luz das nossas ruas...
D. Natália

Sr. Costa

Sr. Gaspar Castelo Branco

Sr. António Lima


O lançar das redes I



Fotos de Regina Meireles Guimarães


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os primeiros nós







Sábado 09.05.09. As redes foram lançadas na Baixa. Começamos pelo Largo de S. Domingos, seguimos pela Rua das Flores, Rua de Belmonte e Mouzinho da Silveira.

A adesão foi quase total. Desde habitantes a comerciantes, todos colaboraram na colocação das redes, símbolo da união de todos, em prol de uma Baixa mais activa, dinâmica e alegre. Apenas alguns comerciantes não aderiram, receosos da estética das suas montras ou de alguma desconfiança em relação ao projecto. Compreendemos e aceitamos as suas hesitações, mas continuamos esperançados que compreendam o objectivo da Rede+: todos unidos para uma Baixa renovada e activa.

Encontramos pessoas desanimadas com a actual situação, mas também desejosas de uma mudança que lhes traga melhores dias. E muitos, muitos habitantes que aderiram com entusiasmo a esta iniciativa e nos vinham pedir redes para colocarem nas suas janelas e varandas.



Encontramos a Sra Natália, que faz 71 anos no dia 18 de Maio e que criou quatro filhos sózinha, porque o marido morreu há 35 anos, o dono da frutaria que está à espera que o Manoel de Oliveira o chame para o próximo filme e mulheres do povo, de rostos francos e sorrisos cansados, nós naturais e espontâneos de uma vontade de mudança comovente e redentora.

Falamos com o Sr. Gaspar Castelo Branco, poeta e autor das Lendas do Rio Douro, de canções e letras de fado, que nos leu o seu livro de poemas e, com a confiança tocante das gentes do Norte, o cedeu a nosso pedido para podermos publicar alguns dos seus poemas.

E o Sr. Costa, cabeleireiro de um salão perdido no tempo, que ganhou o dia porque só parecia ter 55, de 75 anos bem vividos e sentidos, que dispensa empregados, porque faz tudo melhor que eles, desde lavar cabeças a manicure e pedicure, só não lava as toalhas, porque essas lava-as a lavandaria, pois então…

Também perdidos no tempo ficamos na mercearia do Sr. António Lima e filho, que encanta pelas marcas de um tempo recheado de memórias, desde o Clarim Lavar, Lavar, Lavar, chocolates Rajá, Cartazes Ramos Pinto, Martini Cinzano, placares em chapa Nestlé e Portos de outros tempos. Folheamos com ele um lindíssimo livro, Porto, onde a sua mercearia comparece em lugar de destaque, envolvida em fantásticas fotos de uma beleza estonteante de um Porto monumental.

Subimos escadas em caracol, apoucadas e combalidas pelo tempo, empoleiramo-nos em janelas desgastadas e estafadas, caladas pela crueldade do tempo que passa.

E tantas, tantas casas, com varandas solitárias e desamparadas no seu degredo, banidas de uma cidade que as abandonou sem apelo nem agravo, proscritas em ruas que protestam por vida, alma e rebuliço.

Lançamos as primeiras de muitas redes, estabelecemos nós e pontos de encontro, sonhamos vida e movimento.

Mas queremos mais, muito mais…

Foto Regina Meireles Guimarães

O Projecto Rede+


O projecto Rede+ nasceu como conclusão do Curso de Intervenções Artísticas Em Espaços Públicos e Produção de Obras Site Specific na Universidade Lusófona.
Partiu com o objectivo de sinalizar a abertura em breve do Palácio das Artes, no Largo de S. Domingos, mas em pouco tempo se estendeu a toda a Baixa portuense.

Fomos conhecendo a história do Edifício do Palácio das Artes e apercebemo-nos que tem existido um empenho crescente em unir forças para revitalizar toda a zona e decidimos que seria no Largo de S. Domingos o palco do arranque da acção de convergência de todas as Redes.

A criação de um laboratório de artistas no Palácio das Artes poderá potenciar uma explosão de talentos e criatividades, e, muito importante, ser a força motriz que permita a estes artistas a continuidade dos seus projectos e a sua desejável permanência, desencadeando um efeito “Rede” em toda a zona envolvente.

Pretende-se sinalizar uma nova realidade que está a acontecer nesta zona: o nascimento de uma nova dinâmica que devolva à Baixa a notoriedade e prosperidade que em tempos que já lá vão viveu e que tantas marcas deixou.

Trabalhar em comunhão de objectivos, em alianças e em partilha, protegerem-se mutuamente, unir influências, derrubar obstáculos e cimentar o desejo de uma cidade reavivada, urbana, cosmopolita e criativa. Em suma, trabalhar em rede.

Pretendemos:

· Lançar pontes para o futuro e envolver sinergias e partilha de vivências dos participantes do Curso.
· Estabelecer um elo de ligação com artistas, instituições e público em geral, em torno das várias expressões criativas.
· Convidar os habitantes, instituições e comerciantes a aderirem à Rede+, colocando um fragmento de rede no exterior dos edifícios.

A rede maleável (rede plástica de sinalização de obras) de cor laranja, simboliza dinamismo, flexibilidade. Esta rede irá ser distribuída entre os dias 9 e 16 de Maio de 2009 pelas ruas envolventes ao Palácio:

· Rua das Flores,
· Rua Mouzinho da Silveira,
· Rua Ferreira Borges,
· Rua do Belmonte,
· Rua Sousa Viterbo,
· Largo S. Domingos.

O objectivo é a partilha de uma identidade que una todos os intervenientes, para que todos sintam que pertencem a uma mesma comunidade criativa e dinâmica.


Projecto Rede+
Anabela Meireles Guimarães * José Maria Graça Moura * Milú Sardinha * Paula Parracho


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Uma cidade


Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodão, esporas
de água e flancos
de granito.
Uma cidade
pode ser o nome
dum país, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-íris à janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnólias
ao crepúsculo, um balão
aceso
numa noite
de Junho
Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.


Albano Martins

Selecção de Poemas de Dina Ferreira, Livraria Poetria

Rede de sonhos

As redes foram lançadas no mar desta aventura “Palácio das Artes”, antigo convento de S. Domingos.
Pouco ou nada sabíamos do seu passado e do seu presente. Várias viagens fizemos, em vários mundos mergulhámos:
- no encontro do passado histórico;
- na história das gentes que habitaram e habitam aqueles lugares;
- na Feira Franca que acontecia no primeiro dia de cada mês;
- nos textos e imagens que relatam o renascer de novos espaços, de novos sonhos.
Foi tudo isto e muito mais…
Foi o começo dum Projecto de Interferência num espaço com tanta vida e com tanta ainda por fazer e contar…
Palácio das Artes - Fábrica de Talentos, espaço de partilha, de investigação, de criação… é sem dúvida um grande sonho, um grande Projecto.
Para este “Centro”, ninho de saberes, de engenhos, de encontro, que simbologia encontrar?
Que conceito criar para nele também sonharmos?
Várias hipóteses são lançadas:
Ninho, Laço, Rede, Nó…
mas também
Dinâmico, Activo, Aberto
e ainda
em Transformação
em Trânsito…
em
Rede
. rede de Sinalização
. rede de Encontro
. rede de Descoberta
. rede de Criatividade
enfim…

Rede de Sonhos